“Intenso e
Perigoso Amor”
Naquela
noite de festa o salão estava cheio, entre os convidados um clima cordial e
festivo, regados a vinho, risos e muita falação. O salão de festas da imensa
propriedade estava enfeitado com lindas flores de tons avermelhados
simbolizando a comemoração do dia dos namorados, o Duque de Sobral se orgulhava
da aquisição daquele casarão e do estilo nobre de sua arquitetura. Distribuídas
em uma fileira de mesas seguiam os mais deliciosos manjares e coquetéis, feitos
com as frutas tropicais que o jovem Brasil oferecia. Da sacada do segundo andar
do lado de dentro podia-se ver no centro do salão, o amontoado de casais que se
moviam com graça seguindo o ritmo suave da valsa que os orientava. A noite
seguia um tom agradável de romance...
Entre a multidão eles se entreolhavam
desconcertados, tentando esconder o sentimento que lhes queimava os corações e
transbordava os corpos corando-lhes as bochechas, fazendo transpirar suas mãos.
Estavam distantes um do outro, pois, ninguém nunca poderia desconfiar da
intensa paixão que unia aquelas duas almas. Ele estava com a esposa, sim era um
casado, infeliz ciente do seu pecado e louco de paixão.
Ela... Seguia pelo salão de baile
solitária, pedindo-lhe seus beijos com seus lindos olhos castanhos brilhantes.
Muitos outros homens lhe pediam a honra para a valsa, ela indiferente tinha em
seu coração o único que poderia tê-la não só para a próxima dança, mas
possuí-la de corpo e alma. Mesmo sendo ele quem era, era tarde para
lamentações, o evento que os uniu não tinha sido previsto, nem planejado. E
quando deram por si...
Ele... Mesmo acompanhado pedia-lhe o
toque quente dos seus lábios, e a pronúncia com sua voz doce das palavras que
no segredo da paixão ela proferia em seus ouvidos. Sentia-se culpado, pois, não
era do seu feitio a situação controversa em que se meteu, não queria magoar a
mulher maravilhosa que conheceu tarde...
Os dois ele & ela admitem seu erro,
são cúmplices do amor! Mas o que fazer mediante a tão forte sentimento? Fugir?
Ir embora? Se distanciarem em lágrimas tristes? Talvez... Mas decidiram
mediante aos riscos seguir em frente sem perguntas que para eles ainda não
possuem as respostas.
A distância era segura, poderiam ficar
tranqüilos quanto às suspeitas, pois, o diálogo que mantinham seguia num outro
contexto de expressão. Que ia além das palavras, e da expressão corporal. Esse
diálogo era feito através dos olhos e do coração. Mantinham um elo
imperceptível aos demais, os dois ainda sentiam em seus corpos as carícias da noite
passada de amor e a satisfação do gozo da paixão correspondida. Não que
estivessem satisfeitos com aquela situação... Por estarem tão perto, e tão
longe um do outro. Mas essa – infelizmente – era a condição que o destino lhes
impunha para que ficassem juntos, perdidos neste intenso e perigoso Amor.
Sidney Leal
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