Saudações tenebrosas...

Você ultrapassou o portal da realidade... Seja bem vindo(a) á um mundo onde os contos criam vida, mesmo quando falam de morte...

Sidney Leal

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

"Venom ferina"

"... Laurindo then felt through their leather garments that covered their ankles to the knees the sting of the venomous poison of a snake boat. Scathing The boat made ​​the man faltered for a moment until you see the fangs of the snake that shone reflecting the sun, burned by surprise invasion of his dominions. quickly retraced man scare, and jumped with the knife in his hands in a position to fight back, stared at the animal that cowered in their laps premeditating another attack. a fagot is saw suddenly cornered by the powerful blow that took his head, stubborn moved while still dying in the grass down.
             Laurindo sat on the floor and only then could a hand injury that now throbbed in pain. And taking all their clothes saw two small red dots of blood, the result of his recent confrontation. Seeing the size of the wound that was not decided to splurge the contract he had, but arose felt dizzy. The wound had swollen, red dots were now yellowing, knew were rapidly infecting the poison venom. Barefoot of one foot crept up his horse who was nearby, and playing by the faltering effort in his cell, followed more than twenty minutes to his house.
             When reached fever was already present, felt cold and hit the teeth that unnerved him by the whiskers ..."
CONTINUES in the book "13 Tales" writer Sidney Leal

"Peçonha ferina"


"... Laurindo sentiu então através de suas vestes de couro que recobriam suas canelas a altura dos joelhos a agulhada peçonhenta do bote venenoso de uma serpente. O bote ferino fez com que o homem vacilasse por instantes até ver as presas da cobra que luziam refletindo o sol, incendiadas pelo espanto da invasão de seus domínios. O homem rapidamente se refez do susto, e num salto com o facão em mãos em posição de revide, encarou o animal que se encolhia em suas voltas premeditando outro ataque. A bicha se viu acuada de repente pelo golpe potente que ceifou sua cabeça, enquanto ainda teimosa se mexia agonizante no meio do capim baixo.
            Laurindo sentou no chão e só então pôde por mão no ferimento que agora latejava de dor. E tirando toda sua indumentária viu dois pequenos pontos vermelhos de sangue, resultado de seu recente confronto. Vendo o tamanho do ferimento decidiu que não era para alarde a empreitada que tivera, mas levantando-se sentiu-se tonto. O ferimento inchara, os pontos vermelhos agora estavam amarelando, sabia que rapidamente estavam infeccionando o veneno da peçonha. Descalço de um dos pés se arrastou até seu cavalo que estava perto dali, e se jogando esmorecido pelo esforço em sua cela, seguiu mais de vinte minutos até sua casa.
            Quando chegou a febre já se fazia presente, sentia frio e um bater de dentes que lhe enervava os pelos dos bigodes..."
CONTINUA no livro "13 Contos" do escritor Sidney Leal

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

"PERIODS OF EMPTY"


"And among tears and sobs I conclude that she left me. I have this belief! The sleepless nights and the emptiness that I feel in my head foggy confusion, only certify and attest my certainty. There are times and not seen before in his presence could be felt as intense meters away today ...
     - Nothing is revealed!
Below the head and hands in my face I despair, looking blank paper and pen in front of me as if this way could know his whereabouts, or maybe find out what hurt her I would have done ...
     - But nothing is revealed!
With hands raised to heaven wonder: - Why this suffering? Why hurt me? Because he knows that without her I am nothing, unless anyone ...
     - But nothing is revealed!
I get up with blank paper in my hands, punching the air and scream at everybody:                     - Where is she!?
     - But nothing is revealed!
What the hell have I done to divine inspiration for her to leave me like this? '.
                                                                                                         (Sidney Leal)

"PERÍODOS DE VAZIO"


“E entre prantos e soluços chego à conclusão de que ela me abandonou. Tenho esta convicção! As noites mal dormidas e o vazio que sinto em minha cabeça enevoada de confusão, só certificam e comprovam minha certeza. Há tempos não a via e sua presença antes que de tão intensa podia ser sentida a metros de distância, hoje...
- Nada se revela!
Abaixo a cabeça e com as mãos em meu rosto me desespero, olhando o papel em branco e a caneta a minha frente como se deste modo pudesse saber seu paradeiro, ou talvez descobrir o que de mal a ela eu teria feito...
- Mas nada se revela!
Com as mãos erguidas aos céus pergunto: - O porquê deste sofrimento? Por que me feria? Pois sabe que sem ela não sou nada, menos que ninguém...
- Mas nada se revela!
Levanto-me com o papel em branco em minhas mãos, e socando o ar grito a todo mundo:    - Onde ela está!?
- Mas nada se revela!
Mas que diabos teria feito eu a divina inspiração para que ela me abandonasse assim?”.
                                                                                                                                     (Sidney Leal)

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

THE POWER OF GOOD MUSIC


        "The power of good music is amazing, she saved me from the arms strong and involving the routine, and she saved me can also save you. The song encourages us, relaxing, ripens. When trying to understand its nuances human being transcends the barriers of reality and tunes something bigger ... It makes us think about things that are important. I speak not only of classical music, classical or world music - Despite prefer them - Find your style of music. When we are in a state of total physical and mental fatigue, when ideas do not flow, and if we have the opportunity, the opportunity to isolate and lock yourself in a dark place positioned comfortably in a chair, bed, sofa - wooden box - both doeth: the important thing is to be relaxed so that the effect of music is more profitable.
            Then place that sound that makes you travel in the best sense of the word, that sound that reminds you of the good things of the past, present or even the future - why not - or simply do not think about anything! Enjoy the sound, the singer's voice (a), or the sound of the instruments, the melody. Let the muscles relax ...
            To improve the "absorption" of the benefits of music, before you can take a nice relaxing bath be it hot or cold, complemented by a wine.
            With all these precautions assure that you will be much better than when you started, remember that the appreciation of good music back short-term benefits and eternal pleasure, but be careful. Like any good wine where we have to taste it to know that it does not become just an alcoholic drink, the music is like that. If you do not choose a good time, if not a preparation to hear it nothing happens ... And then they will blame me."
(Sidney Leal)

O PODER DA BOA MÚSICA


“O poder da boa música é incrível, ela me salvou dos braços fortes e envolventes da rotina, ela me salvou e poderá te salvar também. A música nos incentiva, relaxa, amadurece. Ao tentar entender suas nuâncias o ser humano transcende as barreiras da realidade e sintoniza algo maior... Nos faz pensar nas coisas que realmente são importantes. Não falo apenas de música clássica, erudita ou world music – Apesar de preferi-las – Busque o seu estilo de música. Quando nos encontramos num estado de total de cansaço físico e mental, quando as ideias não fluírem, e se tivermos a oportunidade, a oportunidade de nos isolar e se trancar num local escuro posicionado confortavelmente numa poltrona, cama, sofá – caixa de madeira – tanto faz; O importante é estar relaxado para que o efeito da música seja mais proveitoso. 
Coloque então aquele som que te faz viajar, no melhor sentido da palavra, aquele som que te faz lembrar de coisas boas do passado, presente ou até mesmo o futuro – por que não – ou simplesmente não pense em nada! Aproveite o som, a voz do cantor (a), ou o som dos instrumentos, a melodia. Deixe os músculos relaxarem...
Para melhorar a “absorção” dos benefícios da música, você pode antes tomar um bom banho relaxante seja ele quente ou frio, complementados por um vinhosinho.
Com todos estes cuidados garanto que você estará bem melhor do que quando começou, lembre-se que a apreciação da boa música trás benefícios a curto prazo e prazer eterno, mas tome cuidado. Como todo bom vinho onde temos de saber degustá-lo para que o mesmo não se torne apenas uma bebida alcoólica, com a música também é assim. Se não escolher um bom momento, se não tiver uma preparação para ouvi-la nada acontece... E depois não venham me culpar”.
(Sidney Leal)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

"Vengeance of the Moon"


"... Pedro and Ana were a couple humble, semi-literate, worked and planned for the future in the young capital, which flourished painful steps. Rented a shack with very cost away from the bustle of the harbor, near the beach. And lived there. To Pedro finally be with Ana, was an unparalleled victory, all the trials that the two had to endure to finally get married were finally rewarded. memories Then came the wedding night, his first night in the hut ... From small window could- seeing the sea and its grandeur. Table of love could not be better described.   He carried a secret revealed by his Father and that came from his grandfather, because the origin of the family came from overseas. Grandfather of his Father a Portuguese sailor who was one of his trips to ports in England was attacked by pack of wild wolves survived, but this encounter gave him a wound that healed even after bleeding from time to time, bleeding generate fever and hallucinations. Poor miserable not only died on his last trip luckily, because was dumped in damp basements ship without food and proper medication. febrile The days and nights were for a small skylight was ecstatic admiring the moon Sailors who saw the night if frightened, said that his eyes took on a slight reddish tint and went into a trance, as if you hypnotize the moon was abandoned to fend for themselves in the young Brazil.
   With this in mind Pedro woke up! Flushed saw that the amulet was on the table. Calming by noting that Moonlight bathed the girl's green eyes sparkled with Ana Passion. The touch of his brown skin, soft awaken the senses uncontrollable desire, rage exploded on the chest of her lover. Pedro felt himself about to lose control. Suddenly a tachycardia, the rhythm of his heart wildly cold sweat, I was breathless!
   His wife at first controlled complacent and began scaring because the brightness of the full moon that reigned in heaven, Pedro's eyes took on a reddish tone of anger and pain. He felt his bones estralarem, a burning sensation throughout the body, desperate lost control over the curse that almost kept him out of his love, but victory would be his. For now possessed the powerful ancient amulet that prevented his curse. He got up to look for him terrified, dizzy feeling that at any moment could ...
   - Where is! Where is it? Shouted the boy upset with the pained expression etched on his pale face. In desperation sight grew dim, dizzy and fell on the table on top of the amulet! Ana recovered from the initial shock, aware of the curse of her husband, went and got the amulet placing it in the trembling hands of Pedro, who now gritted teeth talking incoherently. The cold touch of the old metal on his skin burned, making him tremble from head to toe enregelara very fast, dying on the wooden floor of the hut, while HAnah wept copiously in a dark corner of the place ... "
CONTINUES in the book "13 Tales" writer Sidney Leal.

"A vingança da Lua"


"... Pedro e Ana formavam um casal humilde, semianalfabeto, trabalhavam e planejavam o futuro na jovem capital, que prosperava a passos penosos. Alugaram com muito custo um casebre afastado do rebuliço do porto, próximo à praia. E lá moravam. Para Pedro estar com Ana finalmente, era uma vitória incomparável, todas as provações que os dois tiveram de suportar para finalmente se casarem foram enfim recompensadas. Vieram então lembranças da noite de núpcias, em sua primeira noite no casebre... Da pequena janela podia–se ver o mar e sua grandiosidade. O quadro de amor não poderia ser mais bem descrito. Ele trazia consigo um segredo revelado por seu Pai e que veio de seu avô, pois a origem daquela família vinha do além mar. O avô de seu Pai era um marinheiro português que numa de suas viagens aos portos da Inglaterra foi atacado por matilha de lobos selvagens, sobreviveu, mas este encontro lhe rendeu um ferimento que mesmo depois de cicatrizado sangrava de tempos em tempos, os sangramentos geravam febre e alucinações. O pobre miserável só não morreu em sua última viagem por sorte, pois ficava largado nos porões úmidos do navio, sem alimento e medicação adequada. Os dias eram febris e as noites por uma pequena claraboia ficava extasiado admirando a Lua. Os marinheiros que o viam a noite se assustavam, diziam que seus olhos adquiriam um leve tom avermelhado e que entrava em transe, como se a Lua lhe hipnotizasse, foi abandonado à própria sorte no jovem Brasil.
            Com isso em mente Pedro acordou! Ruborizado viu que o amuleto estava sobre a mesa. Acalmando-se ao observar que banhados ao Luar os olhos verdes da jovem Ana cintilavam de Paixão. O toque de sua pele morena, macia despertava os sentidos incontroláveis de desejo, o furor explodia no peito de seu amado. Pedro sentia–se prestes a perder o controle. De repente uma taquicardia, o ritmo descompassado de seu coração o fazia suar frio, estava sem ar!
            Sua esposa a principio controlada e complacente começou a se assustar, pois no brilho da Lua cheia que imperava no céu, os olhos de Pedro ganhavam um tom avermelhado de fúria e dor. Ele sentia seus ossos estralarem, uma queimação em todo corpo, desesperado perdia o controle sobre a maldição que quase o afastou de seu amor, mas a vitória seria dele. Pois agora possuía o amuleto antigo poderoso que evitava sua maldição. Levantou–se espavorido a procura dele, meio tonto sentia que a qualquer momento poderia se...
            – Onde está! Onde está? Gritava o rapaz transtornado, com a expressão de dor estampada em sua face pálida. Em meio ao desespero a vista ficou turva, e tonto caiu sobre a mesa em cima do amuleto! Ana recuperada do susto inicial, ciente da maldição de seu esposo, correu e pegou o amuleto colocando–o nas mãos trêmulas de Pedro, que agora rangia os dentes falando coisas desconexas. O toque gelado do metal antigo em sua pele queimava, fazendo–o tremer, enregelara dos pés a cabeça muito rápido, agonizava no chão de madeira do casebre, enquanto Ana chorava copiosamente num canto escuro do lugar..."
CONTINUA no livro "13 Contos" do escritor Sidney Leal.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

"The view from the other side"



"... The drums were exploding in my ears. Awake, my face felt the cold touch of the concrete floor burned. Wax color me green eyes ached. Took her hair in front of my eyes still dazed and did my first attempt to raise, I found myself surrounded by a group of people in a circle with white robes, singing and dancing African singing ancient songs. everyone clapped, everyone sang in unison, accompanied by drumming surrounding the drums.
             - Back My Dad! Turn my light guide! Shouted an old woman holding my head in my hands, a lady's black curved spine at the top of the old.
             When I dropped weaken the standing leg felt that threw me from one side to another of the big wheel, my head weighed, and confused thoughts gave way to uncertainty of fainting. A strange chill ran down my spine as I felt, my conscience is lost. My head was spinning, full of thoughts that were not my own, felt how to divide the space of existence with another "someone" an intruder! He could no longer order my arms to stop them from shaking, but there was an intruder, who dominated slowly my body and my physical will be seized ... "
CONTINUES in the book "13 Tales writer Sidney Leal.

"A visão do outro lado"

"...Os batuques explodiam em meus ouvidos. Acordada, senti em meu rosto o toque gelado do piso de concreto queimado. A cor da cera verde me doía os olhos. Tirei os cabelos da frente de meus olhos e ainda aturdida fiz minha primeira tentativa de levantar, me vi cercada por um grupo de pessoas em círculo com vestes brancas, que cantavam e dançavam entoando cantos antigos africanos. Todos batiam palmas, todos cantavam em uníssono, acompanhados pelo envolvente batucar dos tambores.
            - Volta meu paizinho! Volta meu guia de luz! Gritava uma anciã segurando minha cabeça entre as mãos, uma senhora negra de coluna curvada pelo alto da idade.
            Quando me soltou em pé sentia o fraquejar das pernas que me jogavam de um lado a outro da grande roda, minha cabeça pesava, e com pensamentos confusos cedia à incerteza do desmaio. Um frio estranho percorreu minha espinha, pois sentia, minha consciência se perder. Minha cabeça girava, cheia de pensamentos que não eram meus, sentia como se dividisse o espaço de existência com outro “alguém” um intruso! Já não conseguia ordenar meus braços para que parassem de balançar, sim havia um intruso, que dominava aos poucos meu corpo e de minha vontade física se apoderava..."
CONTINUA no livro "13 Contos do escritor Sidney Leal.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

"Eternal Beauty"


"... There was night and the moon was sad semi-obscured by the dark clouds dismay was complete, a biting cold wind across the empty streets. A young red-haired, reckless unaware that accompanied her dark eyes, said goodbye a friend at the door of one of the houses in the neighborhood. Steps were headed hurried to meet her, she innocently without knowing anything went his way. sinister Figure followed her! he was wearing a black cloak with a hood that hid her face, but not hid the brightness of the death of your eyes ... and when the girl crosses a dark street already close to his residence was attacked violently behind, still resisted and struggled to scream, but in vain. figure of evil brought with a cloth moistened by a mysterious liquid that pushed the girl's face made ​​after briefly fainting.
With the sunrise, popular passing by one of the alleys were troubled with a terrifying scene. Play between the garbage cans, wrapped in a mantle of black eyes sprawled face withered and dull, was a young red-haired ... dead. "
CONTINUES in the book: "My Mystery Stories, Terror & Death" the writer Sidney Leal

"Beleza Eterna"


"...Fez-se noite, e a lua estava triste semi-encoberta por nuvens escuras o desalento era completo, um vento frio cortante atravessava as ruas vazias. Uma jovem de cabelos vermelhos, incauta sem saber que olhos sombrios a acompanhavam, se despedia de uma amiga na porta de uma das casas da vizinhança. Passos apressados se dirigiam ao seu encontro, ela sem nada saber seguia inocentemente seu caminho. A Figura sinistra a seguia! Trajava um manto com um capuz negro que lhe encobria a face, mas não escondiam o brilho da morte de seus olhos... E quando a jovem atravessa uma rua escura já próxima de sua residência, foi atacada por trás violentamente, ainda resistiu e esforçou-se para gritar, mas foi em vão. A figura da maldade trazia consigo um pano umedecido por um misterioso liquido  que pressionado na face da moça depois de instantes a fez desfalecer.
Com o raiar do sol, populares que passavam por um dos becos se assustaram com uma cena aterradora. Jogada entre as latas de lixo, enrolada em um manto negro de face murcha e olhos estatelados sem brilho, se encontrava uma jovem de cabelos vermelhos morta...".
CONTINUA no livro: "Minhas Histórias de Mistério, Terror & Morte"

domingo, 28 de outubro de 2012

"O Barqueiro"


            "... Sob o brilho de uma lua cheia misteriosa que de repente surgiu após a chuva, regressava triste pensava em tudo que me aconteceu, ao longe a cidade estava vazia e somente às luzes dos poucos postes estavam acesas, perdi a noção do tempo. Admirando a noite observava a lua recente que ainda lutava com algumas poucas nuvens pela soberania do céu... Aproximando-me da margem observei uma figura que me causou espanto! Incrédulo esfreguei os olhos podia estar aturdido pelo cansaço, mas com a proximidade da margem confirmei sua identidade... Era ela! A linda dama, que agora trajava um manto negro – Não tinha certeza, mas parecia-me seda – que com o toque dos ventos e o banho da fraca luz do poste, brilhava. Estaria perdida na noite? A madrugada já se iniciara – Estava sozinha – mesmo as trevas não conseguiam esconder seus encantos, e confesso que tive que me conter para ali mesmo não cair de joelhos e confessar o meu amor. Se recíproco fosse tamanho sentimento meu coração não se conteria de felicidade.
            Seu caminhar era tão delicado que quase não marcava a areia. Olhou-me com seriedade, e mesmo com o véu negro sobre o rosto pude perceber um leve sorriso amistoso em sua face. Estirou a braço para que a ajudasse subir na canoa – Sua mão estava gelada – Perguntei se o destino era o mesmo do outro dia e num gesto respondeu-me sim.
                As águas agora estavam calmas, muito calmas. O silêncio era quebrado apenas pelos ruídos da noite, a dama nada falava sempre com o olhar fixo no infinito. A escuridão era tamanha que quase não a enxergava, pois de costas para mim só podia vê-la quando refletindo a lua seu manto negro brilhava. Um sentimento bisbilhoteiro de medo aos poucos se fez sentir arrepiando-me por completo. Ela misteriosamente virou-se para a mim e calmamente disse:
        - O que temes? Porque o sentimento quente da paixão que a pouco sentia abraçando meu corpo e que emanava de seu peito, refreia agora pelo medo?..."
CONTINUA no livro: "Minhas Histórias de Mistério, Terror & Morte".

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

MEU PIOR INIMIGO EU MESMO – Parte II


     "...E então vinha ele, com seu rosto obscuro pela noite. Dele eu conhecia tudo, seus pensamentos eram claros para mim. Pois ele era eu, o meu algoz, o personagem sombrio que me seguia. E o preço da minha vida de pecados queria cobrar, não outro dia, não outra hora, mas naquele exato momento. 

     Sua arma? Enquanto eu corria pelas ruas e assustado olhava para trás, nada via empunhando em suas mãos. Então presumi que arma que seria utilizada seria o peso de minhas palavras, que foram usadas ao longo de minha vida. E que com tremenda violência serão jogadas sobre mim".
Sidney Leal                                                                                                                                                   

domingo, 21 de outubro de 2012

"Um belo lugar para se visitar"

"...Sr.Percival sorriu de um modo estranho, e em sua mente não existia mais confusão ou dúvida, se refez enxugando o rosto, ajeitando a gravata. O bater da porta de entrada da sala de seu chefe o fez sorrir, fez um esforço considerável para não gargalhar – esforço tamanho que foi notado por Jorge.
– Fico feliz que esteja refeito. – Quase não dava para enxergar em meio a quantidade de fumaça do charuto que fumava.
– Percival, meu velho! Por Deus! Quanto tempo nos conhecemos hein!? Fiz um balanço de sua carreira aqui na empresa, e generosamente decidi não demiti–lo – Percival não olhava diretamente para Jorge Rimonte, seu olhar se concentrava em um objeto brilhante pendurado na parede.
– Mas sabe como é uma empresa, preciso fazer economia e você está velho. Por Deus, tenho que otimizar... – As palavras do velho se perderam no silêncio da loucura, pois a mente de Percival a muito se esvaecia na linha tênue da realidade. Apenas quando aquela criatura pronunciava "Deus" os ouvidos de Percival latejavam. Lembrava–se de todos os processos, traições. Aquela criatura não poderia tocar no nome de Deus!
Dirigiu–se ao velho de mente doente, que ostentava na parede atrás de sua mesa uma grande cruz de prata, que, dizia ele, fora abençoada pelo próprio Papa. Percival então sorriu e ciente que tinha o dever cristão de propagar a palavra de Deus – sob os olhos assustados de seu chefe –, pegou a pesada cruz, cujos braços terminavam finos e brilhantes como se fossem lâminas... E cravou no peito de Jorge Rimonte!
E, sorrindo, tinha a certeza de que Deus havia agora lhe tocado o coração..."
Continua no livro: "13 Contos"

terça-feira, 16 de outubro de 2012

"Feliz aniversário Papai"

"...E em meio às ameaças de Romualdo, Otacílio levanta-se e vai pagar a “maldita” aposta que havia feito. Ao pular a janela do quarto que dava para os fundos do quintal, sentiu o vento gelado do início da madrugada. Ele não sabia ao certo se o frio que sentia se dava pelo vento que às vezes batia com força em seu rosto, somado pelo tecido fino do pijama de Romualdo que usava e que pouco o protegia; Ou se o frio lhe cortava a espinha de uma forma que jamais havia sentido era Medo. Com certeza era isso, já tinha se afastado da casa, Romualdo ainda acenava com mão como se disse se “vai logo moleque!”. Seus pais, pelo menos aparentemente, não escutaram nada. Olhando para estrada de terra batida sob a luz do luar, tudo lhe soava sombrio, as casas as árvores de beira de estrada, e as corujas...
- Deus me defenda bicho agourento! Praguejou Otacílio fazendo o sinal da cruz. Andou alguns minutos, e já se encontrava no início do canavial, um terreno de propriedade de uma família muito rica da capital que pouco aparecia por ali, a área era tão grande que tinha sido dividida em quatro partes que foram batizadas pelos populares da “encruzilhada do canavial”. O local despertava o medo dos moradores e principalmente das crianças, já tinha servido de fuga para gente da pior espécie, ladrões e etc, gente supersticiosa dizia inclusive que nas noites de luar se escutava vindo do canavial os gritos das vítimas. Mas o que realmente amedrontava as crianças, era a justificativa encontrada pelos velhos em relação ao aparecimento de galinhas, ovelhas, e bezerros, mortos depois de um ataque de um animal feroz. Diziam eles, ser coisa de lobisomem. Criatura amaldiçoada meio homem, meio lobo que perambulava nas noites de lua cheia pelo vilarejo. A verdade é que realmente nos últimos meses este tipo de ocorrência tem sido muito freqüente, todos estavam assustados. E com isso em mente estava Otacílio seguindo pelo canavial em direção à encruzilhada. O menino tremia muito, e nesta altura tinha certeza de que não se tratava de frio, o medo realmente o havia dominado, andava cada vez mais rápido, e com desconfiança olhava para os lados, para trás, quase se escutava seu coração batendo de forma desordenada em seu peito. Finalmente chegou ao local – No centro da encruzilhada – Ajoelhou-se desesperado a fim de encontrar logo o lugar onde havia sido enterrado o crucifixo. Imaginava que seria fácil de encontrá-lo, pois imaginara ele que a terra estaria ainda amontoada. Mas via agora que no lugar havia vários montes de terra! Como se tivessem enterrado mais coisas, não entendia o que... Pensou... Romualdo lhe aprontou aquilo para que desistisse e voltas-se com as mãos vazias, sem ter como provar que esteve na encruzilhada.
        - Bicho safado! Vou mostrar pra ele! Depois de ter feito o quarto buraco, os ânimos de Otacílio começavam a esmorecer, estava cansado, e o esforço lhe começava a dar sono, uma nuvem preguiçosa encobria a lua. Um brilho em um dos montes de terra lhe chamou a atenção, e lá estava finalmente o bendito crucifixo de prata! Quando um estalo o assustou. O sono deu lugar ao medo, outro estalo, como se alguém andasse no meio dos pés de cana, Otacílio caiu para trás com o susto, a lua voltava a iluminar a noite, quando viu em meio às canas um vulto enorme..."
Continua no livro: Minhas Histórias de Mistério, Terror & Morte" 

sábado, 13 de outubro de 2012

"Na escuridão do Ser"

"... Aquilo era inaceitável! Como um estabelecimento que se preze permite que um som dos infernos destes Incomode seus hospedes? Ali não dormiria mais! E decidido apressadamente arrumei minha pequena mala e me dirigi para a escada que dava acesso a porta do estabelecimento, devia passar das duas da manhã – horário dos mortos – É incrível como o ódio cega às pessoas, pois, desde criança ao passar das nove da noite, não me movia de meu leito nem se o próprio Dom Pedro II em carne, barba e osso aparecesse em meu quarto... Dei por mim já na escadaria da pousada, sua forma oval que percorria uma das paredes laterais dava um toque de grandiosidade ao lugar. Decerto não encontraria nenhum funcionário do estabelecimento; Decidi então sair por conta própria, deixaria alguns poucos trocados, nem dormira nem comera no lugar, portanto me via neste direito... Passando pela recepção deixei sobre o balcão as chaves de meu quarto junto com o dinheiro, e me dirigi apressadamente á porta de entrada. E como suspeitava a mesma se encontrava fechada. Um leve calafrio deslizou por minha espinha... Um frio sutil que se formava na base da nuca e descia até o meu temeroso coração, que demonstrava o início de um descontrole rítmico em seus batimentos..."
Continua no livro:  "Minhas Histórias de Mistério, Terror & Morte"

domingo, 7 de outubro de 2012

"Corpo Seco"

"... Em determinada parte a névoa se abria como se desse passagem á figura de um homem que me parecia ser de idade avançada, pois o mesmo caminhava se arrastando com dificuldade, tentei aguçar a visão para ver quem vinha em minha direção... Foi quando vi a figura de uma face morta, que era quase uma caveira com a pele fina muito colada, de um amarelo que contrastava com a névoa branca que a envolvia. Seus olhos não tinham movimento nem brilho. Ambos os beiços se lhe arreganhavam num sorriso empedernido. Dentre os dentes muito brancos, surdia uma ponta de língua muito negra. Não pude conter o terror e o asco que sentia a princípio, mas quando reconheci no morto à figura com quem tive anos de pesadelos tortuosos..."
CONTINUA no livro: "Minhas Histórias de Mistério, Terror & Morte"

terça-feira, 2 de outubro de 2012

"Minha inconcebível presença"


"... Abro os olhos novamente! E estou no mesmo lugar onde eu havia caído, levanto-me rapidamente assustado e descubro que a dor cessara misteriosamente restando apenas uma marca roxa.
– Estou morto? Olhando ao redor vejo que tudo tem um tom fosco negro, as árvores, o céu escuro e sem lua, de uma forma inexplicável minhas roupas adquiriram este mesmo tom. Um vento gelado cortava o ar impiedosamente, e me gelava a espinha. Quando, com dificuldade vi meu cavalo, que parado á alguns metros me lançava um olhar frio e assustador, em seus olhos não se via o brilho da vida, ao invés disso o que se via agora era um tom cinza opaco. A estrada continuava deserta, tremendo tentei me aproximar do cavalo, ele por sua vez demonstrava inquietação.
– Calma amigo vamos descobrir juntos o que está acontecendo. O cavalo deu a entender que não estava muito feliz com a situação, depois de um coice que por sorte me passou raspando, decidi então desistir do animal e prosseguir a pé.
– É assim que me trata! Então vá siga seu caminho! Gritei para o bicho. Andei alguns metros e olhando para trás reparei que o animal me seguia, quando parava ele parava, quando voltava a andar ele também andava.
– Raios! Mais o que este bicho quer afinal? Depois de algum tempo me seguindo consegui finalmente dobrar o bicho, em sinal de agradecimento fiz uma carícia, e me assustei quando senti que o cavalo estava gelado! Gelado como uma rocha. Mas sem alternativas, me fiz de indiferente lá fomos nós pela estrada escura seguindo pela noite sem luar onde as trevas imperavam soberanas. Margeando a estrada o que se via me assustava, todas pequenas casas que encontrava pelo caminho estavam em ruínas, como se há muito tempo a pessoas tivessem fugido do local, nenhum animal nos pastos, homens, mulheres e muito menos crianças. Simplesmente eu não entendia o que estava acontecendo, onde eu estava afinal? Cavalguei quase uma hora e nada de civilização. Até que uma imagem fantástica a minha frente...
Ao longe via se duas colinas, uma iluminada pelo brilho radiante do sol e céu estava azul e limpo, na outra colina o céu estava no mesmo tom negro em que eu me encontrava não se via nada além da desolação das trevas. A estrada se dividia e cada caminho seguia em direção a uma dessas paisagens, de longe na posição onde me encontrava a visão era bela e assustadora, diminui o passo do cavalo e na divisa da estrada, vi que a neblina negra que dominava os céus tinha origem em uma figura estranha.
Era um homem de pele branca de feições assustadoras, bem trajado com um terno branco com uma flor seca na lapela, um chapéu bem alinhado da mesma cor do terno. O que me chamou a atenção é que estava descalço e seus pés estavam sujos de lama até a altura da canelas. Fumava um bonito cachimbo de madeira, de onde saia uma fumaça negra intensa, tão intensa que alimentava toda a escuridão da noite. A figura entre uma e outra bitada ergueu a cabeça sem muito interesse, seus olhos não possuíam brilho, e eram de um negro tenebroso, sua voz cortou minha alma..." 
Contínua no livro: Minhas Histórias de Mistério, Terror e Morte"

domingo, 30 de setembro de 2012

"Meu Conto de Natal"


"... Possuía um diário espesso de centenas de páginas, sua capa negra de alto relevo com suas quinas de metal dourado chamavam a atenção. Mas nunca ninguém o lera, ele proibia a todos! Os serviçais pensavam até se tratar de textos para se chegar a algum tesouro que o velho esconderá de seus “amados” filhos.
Num final de tarde fria de junho o vento soprava forte nas enormes janelas da biblioteca, a lareira estava apagada ainda... Lá dentro o velho expulsava os empregados – Como era de seu costume nos fins de tarde – Não imaginava que deste modo estava ironicamente selando seu triste destino, pois quando escutou a porta de entrada batendo lembrou que os “incompetentes” não haviam acendido a lareira.
– Querem que eu morra de frio!
Arrastando com dificuldade a pesada cadeira de rodas seguiu na direção à pequena pilha de lenha junto à lareira, seus pensamentos eram de ira! Aumentada ainda mais pela sua incapacidade física... Olhava suas velhas mãos, magras e secas de onde vertiam veias acentuadas, suas pernas finas e inertes a sua vontade de se erguer, aquela condição o entristecia e irritava sentia uma cólera incendiando em seu peito. Cólera que extravasava batendo seu diário nos apoios da cadeira gritando! Até que sentiu uma “pontada” em seu peito... Colocou as mãos no peito velho sentiu seu coração batendo disritmado, assustado sentia falta de ar, não respirava direito... Tentava em meio ao pânico achar uma forma de pedir ajuda, mas estava sozinho na enorme casa, tudo estava escuro e seus gritos roucos ecoavam no vácuo de sua solidão, sentiu uma lágrima quente lhe escorrendo pela face fria, tal qual era seu coração endurecido pela vida, chorou... Seu pranto não era o reflexo da dor que sentia dentro de seu peito naquele momento, mas sim pela solidão da morte que se aproximava.
Uma segunda pontada, forte e aguda! A dor foi tamanha que caiu da cadeira, tonto pela força do golpe!
No chão arfava ofegante. Caído sentia o toque frio do mármore em seu rosto... O desespero transformava-se numa taquicardia predizendo o próximo golpe... Gritou sentindo seu coração explodir em seu peito! Ficou imóvel por instantes... Respirava com muita dificuldade... Olhando quão escura se tornara sua solitária casa, aquela que com o passar das horas que ficou jogado no chão passaria a ser seu túmulo..."
Continua no livro: "Minhas Histórias de Mistério, Terror & Morte"

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

"O Visitante"

"... Numa destas noites os empregados já tinham ido embora, tudo estava trancado e o silêncio ruidoso da noite me acalmava. Aguçando a audição podia-se escutar lá fora baixinho o som misterioso e goureiro da coruja - pobre ave, não sabe de sua terrível fama de azarenta -, Na casa somente as velas da sala de estar estavam acessas, a suave forma de suas chamas lançavam na parede intrigantes e até assustadoras imagens, numa dança envolvente..."
Continua no livro: "Minhas Histórias de Mistério, Terror & Morte"

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Não vem que não tem!


"Não vem que não tem!"
Sidney Leal
Uma noite abafada... Sim uma bela noite abafada, sentado depois do dia que tivera sentia ainda o cansaço, e a dor lancinante do tiro de raspão que levei. Sangrava sentado na varanda do pequeno apartamento de um hotelzinho barato de subúrbio. Estava no segundo copo de conhaque. Comprei a garrafa sabendo do efeito anestésico que teria sobre a dor do ferimento, mas com o passar do tempo aquela garrafa se tornara uma grande companheira. No pequeno quarto encontrei uma vitrola, um toca discos antigo. E abrindo a tampa vi um disco empoeirado, soprei a principio, mas depois, levado pela insistência do pó, passei o lençol que cobria a cama mesmo. Li então o nome do grande Wilson Simonal. 
            – Hora vejam só! Exclamei extasiado, afinal uma alegria no meu dia... Ou melhor, como diria o velho "Simona" – Alegria! Alegria! Agora torcia para que na limpeza precária que fiz do velho disco, não o ter arranhado a preciosidade esquecida. Era uma raridade! Meio tremulo pelo efeito pungente do álcool lutava para conseguir colocar a agulha na primeira faixa sem danificá–lo... Então um leve estalo, som baixo, um "esfarelar" produzido pelo deslize da agulha na primeira faixa do vinil. – Haha! Consegui! Gargalhei alto, na minha satisfação de bêbado. Tomando um gole longo e seco na garrafa... A bebida era forte, descia queimando, secando a garganta com o calor dos infernos que é a vontade humana, que é a fraqueza humana! Ah quanta satisfação!          Tirei o paletó. A parte interna estava suja de sangue, tirei a camisa. Em estado deplorável. Em breve analise do ferimento constatei – para meu azar –, que iria sobreviver! – Haha – Mais uma gargalhada, mais um trago. O ferimento doía quando eu ria!
Para limpar o ferimento, joguei um pouco de conhaque sobre ele, Argh! , Como ardia. Eu lamentava muito, não o ferimento, fruto de meu trabalho. Mas, sim o desperdício de uma excelente bebida. – Haha. Gargalhei mais uma vez voltando agora minha atenção ao som de Simonal... – Vesti azul! Parapapá, minha sorte então mudou parapapá... Desafinado acompanhei. – Se tudo fosse simples assim meu velho. Simonal morreu abandonado por aqueles que entretia, preso num caracol de acontecimentos motivados, quem sabe por inveja? Talvez, mas preso em sua arrogante inocência, foi se perdendo e sendo abandonado pela mídia, injustiçado com certeza! Injustiça praticada por uma corja de moralistas de um velho regime brutal. Simona morreu vítima da tristeza, vítima da bebida... Neste momento olhei a garrafa, onde pude ver meu reflexo. Estava acabado! Exasperado pensei em lançar a garrafa na parede, quem era ela para refletir a verdade, ou melhor, para refletir aquilo que me tornei com o passar dos anos.
            – Trim, Trim! O celular tocou me assustando.
            – Pode falar, não, ele ainda não apareceu, como assim se eu tenho certeza? Estou no prédio na frente do dele onde costuma se encontrar com aquela vagabunda de sempre! Eu demorei porque estava envolvido no termino do outro caso que peguei, ou melhor, encerrei; Sim, mas foi um só de raspão, não, não preciso de médico, como vou ficar neste quarto por alguns dias, me viro sozinho mesmo; Preciso de dinheiro pra os curativos, sim vou beber um pouco, não se preocupe com o caso. Olha lembre—se que só aceitei este caso pela grana e por você... Fez—se então um silêncio doloroso. – Hein não precisa me dar um gelo,sei que acabou tudo, sei que a poha do seu trabalho no governo, e o seu chefe te tomavam tempo. Segurando ainda a garrafa de conhaque refleti – Ainda bem que não a quebrei! –, Dei um gole longo, sorvendo a bebida com fúria e dor, o golpe foi forte, o ferimento ainda ardia, minha cabeça girava e meu coração desiludido doía, o golpe foi forte... Desmaiei!
            Horas depois acordei com a dor do ferimento, que ainda teimava em sangrar, estava muito suado decidi abrir a janela. Enquanto sentia a brisa fresca da noite, observava que mesmo tarde a cidade permanecia viva, com suas luzes, sirenes, buzinas. Pela janela do hotel eu tinha uma visão privilegiada, os prédios situados à frente um do outro, permitiam observar também seus moradores. Uma das facilidades da vida urbana, para bisbilhotar seu vizinho, basta abrir a janela. E eu estava ali justamente para observar meu vizinho, ou melhor, uma pessoa em especial; O nobre deputado Palharini seguia bem nas pesquisas de opinião para eleição para governador, mesmo na política, mesmo estando bem colocado nas pesquisas, a velha raposa não largava as velhas manias, no prédio em frente morava seu amante favorito um garotão malhado de pouco mais de vinte anos, pois, vossa excelência tinha a mania de dar o rabo para garotões que gostassem de grana viva e de uma bunda murcha de velho. Ele iria chegar a qualquer momento para uma sessão de enrabamento, eu só precisava de algumas fotos; E teria grana suficiente para me manter sossegado por mais de ano. Junto da sacola que trouxe a garrafa de conhaque, se encontrava também a câmera de alta resolução e um binóculo de visão diurna e noturna. Excelente equipamento, que me valeu um tiro de raspão e uns quatro dentes que quebrei de seu antigo dono, olhei para meus sapatos e ainda estavam sujos de sangue da boca do infeliz, só aí percebi que fedia a suor seco, meu hálito estava horrível... Depois de uma chuveirada, acendi um cigarro o simples movimento de braço, sentia a dor do ferimento. Que agora estava com curativo improvisado da cortina do quarto e um pouco de conhaque. Notei enquanto meu trabalho não chegava, que ao lado do apartamento do viado malhado do deputado, uma mulher muito bonita se trocava próxima a grande janela de seu apartamento, notei apenas de relance o formato de seus seios, pois, ela já terminava de fechar o vestido. Parece que a campanhia tocou, ela se dirigiu a porta, surgindo então um homem engravatado. Depois de comerem foram ao quarto e de lá não saíram mais. Muitas horas e cigarros depois cochilei no quarto escuro de meu apartamento, não podia permitir ser visto bisbilhotando a vizinha gostosa, ou melhor, o deputado gay.
Refeito do sono ajustei o binóculo vasculhando todo o apartamento da vizinha, mas nada do homem. Vi que ela ainda estava se trocando, por entre as frestas da persiana seguia meu desejo. Minha vizinha de quarto tinha uma rotina peculiar de trocas de roupa e banhos noturnos. Se o deputado tinha suas manias e taras secretas eu bem que podia ter as minhas! E noite após noite, e a observava, seus vários amantes, pois toda noite era um cara diferente!
            Nas primeiras noites de observação, confesso envergonhado... Se tratar de curiosidade puramente sexual, uma mania adolescente, um fetiche. Mas depois de algum tempo observando, notei certos pontos curiosos. Seus convidados, homens em sua maioria, chegavam tarde da noite e eu não os via saindo... Mas sempre á via trocando de roupa com freqüência após seus banhos demorados.
            O deputado não pareceu na primeira semana, minha ex me informava que a agenda dele o segurava em Brasília. O velho devia estar louco para ver seu namorado. Passaram–se dias e seguia o vício de observar minha vizinha, o que a principio se tratava de um escape à falta de sono, aos poucos se tornou um substituto á ele. Á vezes nem dormia aguardando com grande expectativa o início do meu show privativo... Até que finalmente!
            – Hum o cara desta noite é grande – Parecia um praticante de artes marciais ou sei lá... Espera um pouco era o namorado do deputado! O velho Palharini iria surtar de ódio.
            O ferimento doía quando eu ria, fico imaginando o diálogo:
            – Que bom que chegou Brutus! – Nada de especial apenas inventei o nome.
            – Estava ansioso em te ver boneca – Imagino que falava o grandalhão Vamos jantar, pois estou com muita fome, bom como o deputado não veio... Depois quero minha sobremesa!  – Neste ponto gargalhei com minha versão barata da conversa dos dois.
            – Hum espera um pouco – Ajustei a resolução do binóculo – Ao que parece o grandalhão está com muita fome, que ir direto a sobremesa! – Droga! Entraram no quarto onde eu não conseguia ver o que acontece. Decidi esperar e ver a saída do Brutus, mas como nas outras vezes, ele não saiu. A vizinha aparece tempos depois, seminua. – Não é possível que não vi o cara sair! – Aumentando o alcance do binóculo notei que as roupas retiradas estavam sujas, e acompanhando sua passagem pela luz do abajur da sala, as manchas pareciam com sangue... contínua no livro "13 Contos" 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Marcas que não se fecham com o tempo...


“Se quando criança no conforto da paternidade me sentia protegido do mundo, desalentado e sem rumo fiquei com a dor causada pelas inúmeras decepções quando as máscaras da maldade caíram e veio à tona a dura verdade”.


“...If when I was a child in the comfort of fatherhood felt myself protected from the world, dispirited and adrift, I got the pain caused by innumerable deceptions when the mask of the badness fell down and the hard truth resurfaced.”

(Sidney Leal)

segunda-feira, 6 de agosto de 2012


"Se perdidos estivéssemos nas páginas fantasiosas de um livro, jamais retornaríamos ao cinza da vida real."
Sidney Leal

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Escrevo a noite...


“Quando no vazio das ideias me perco.
Quando na obscuridade do silêncio me refugio.
Fico assim em devaneios perdido por longas horas a fio.
Quando dou por mim muitas horas se passaram...
A noite chegou!
Quando aguço minha audição, ouço ruídos, vozes, lamentação.
São os Sussurros da Noite chamando-me a atenção.
Então escrevo a noite!
Pois é na escuridão silenciosa que a dama geniosa da inspiração permiti-se descrever.
Mas o silêncio não é pleno!
Os Sussurros da Noite são tão audíveis que fico surpreso que poucos os escutem...”.

domingo, 8 de julho de 2012

Filme THE TELL TALE HEART (1960).


O CINEMA de domingo de casa POE Hoje filme THE TELL TALE HEART (1960).

Produzido na Inglaterra pelos especialistas de baixo orçamento, os irmãos Danziger, este filme é estrelado por Lawrence Payne (!) como Edgar Marsh, um bibliotecário obcecado com erotismo.

Notas: o filme foi inspirado em Edgar ALLEN Poe, de acordo com os créditos... o roteiro foi co-escrito por Brian Clemens, que escreveu o episódio piloto e ajudou de forma incrível British TV série "The Avengers" (e curiosamente, Clemens foi relacionado para o escritor americano Mark Twain!).

Movendo-se um pouco lento para o gosto contemporâneo, o filme tem alguns encantos assustadores. apresentadas aqui em sua totalidade (curta de 69 minutos).

terça-feira, 26 de junho de 2012

Alfred Hitchcock...



"Na minha opinião, o leitor está exatamente na mesma situação que o espectador de cinema. E muito provavelmente, é porque eu gostei tanto que comecei a fazer filmes de suspense das histórias de Edgar Allan Poe. Sem querer parecer imodesto, mas comparar o que eu tento colocar em meus filmes, com o que Poe colocou em sua literatura: uma história perfeitamente inacreditável contou aos leitores com uma lógica tão alucinante que se tem a impressão de que esta mesma história pode acontecer com você amanhã. "
Alfred Hitchcock




domingo, 24 de junho de 2012

Aniversário de nascimento do Mestre Ambrose Bierce

A primeira compilação e tradução integral dos seus contos em Língua Portuguesa foi editada em 2010 pela Eucleia Editora.
Vamos lembrar o autor AMBROSE BIERCE no aniversário do seu nascimento, 24 de junho de 1842.
foi um crítico satírico, escritor e jornalista, particularmente conhecido pela sua obra O Dicionário do Diabo.
Definia que "sozinho" era estar em "má companhia". Bierce fez do cinismo, misturado ao humor negro, sua marca registrada. Família, nação, raça humana: nada escapava de suas estocadas, até hoje repetidas nos Estados Unidos.
Contista excelente, suas obras são constantes em qualquer antologia de contos americanos. Aos 71 anos, Bierce seguiu em viagem para o México e desapareceu sem deixar rastros. A teoria mais popular diz que ele foi fuzilado pelos revolucionários do exército de Pancho Villa.
O local e a data de sua morte são incertos, sendo que teria falecido provavelmente dezembro de 1913 ou 1914.

Como Poe, mistério envolve o seu desaparecimento e a morte... Ao contrário de Poe, o corpo de Bierce "Amargo" nunca foi encontrado...
Uma citação de sua última carta, de 26 de dezembro de 1913: 
"Quanto a mim, deixo aqui amanhã para um destino desconhecido..."




Contos de terror que merecem ser lidos:


Um cavaleiro no céu


O dedo médio do pé direito


Numa noite de verão


O estranho


A janela vedada



A estrada ao luar





domingo, 17 de junho de 2012

1º LUGAR Sidney Leal - Suzano - SP 8º Concurso Literário de Suzano Edição Cora Coralina


PREFEITURA DE SUZANO
SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA
COORDENADORIA LITERÁRIA
ASSOCIAÇÃO CULTURAL LITERATURA NO BRASIL

8º Concurso Literário de Suzano
Edição Cora Coralina

RESULTADO

CONTO REGIONAL


1º LUGAR

Sidney Leal

Texto: Um belo lugar para se visitar

Localidade: Suzano - SP

CONTO NACIONAL
1º LUGAR
Raquel Terezinha Pagno 

Texto: PSPA e PSPE
Localidade: SC
2º LUGAR:
João Paulo Vaz

Texto: Entrevista com o crocodilo
Localidade: RJ
3º LUGAR:
Raimundo de Moraes

Texto: Todas as mulheres do mundo
Localidade: PE
4º LUGAR:
Guilherme Giugliani

Texto: O pranto
Localidade: RS
5º LUGAR:
Pedro Diniz de Araújo Franco

Texto: De Paquetá até Ouro Preto
Localidade: RJ
6º LUGAR:
Álvaro Glerean

Texto: Aparição
Localidade: SP

7º LUGAR:
Gustavo Fontes Rodrigues

Texto: Uma lágrima e um dia chuvoso
Localidade: SP
8º LUGAR:
Gladis Berriel

Texto: O menino e o corvo amarelo
Localidade: RS
9º LUGAR:
Thiago Fernandes Maia de Oliveira

Texto: Olhos pretos de Boris
Localidade: SP
10º LUGAR:
Marcelo Ribeiro de Souza

Texto: O homem sem identidade
Localidade: RJ
POESIA REGIONAL
1º LUGAR:
Marcos Vinicius Pereira

Texto: Estrangeiro de mim mesmo
Localidade: Suzano - SP

POESIA NACIONAL

1º LUGAR
Rodrigo Domit

Texto: Traças
Localidade: RJ
2º LUGAR:
Aloísio Ferreira de Araújo

Texto: Fantasmas
Localidade: SP
3º LUGAR:
Walner Danzinger Junior

Texto: Eles não usam Black Power
Localidade: SP
4º LUGAR:
Emerson Alcalde de Jesus

Texto: Meus heróis não morrem de overdose
Localidade: SP
5º LUGAR:
Roberta Andressa Villa Gonçalves

Texto: Ampulheta
Localidade: SP
6º LUGAR:
Márcia David de Oliveira

Texto: O fim é um começo
Localidade: SP
7º LUGAR:
Paloma Aline Costa de Souza

Texto: Juntos
Localidade: SP
8º LUGAR:
Fátima Soares Rodrigues

Texto: (V)espera
Localidade: MG
9º LUGAR:
Thaise da Silva Oliveira Nascimento

Texto: Vazio
Localidade: SP
10º LUGAR
Denise Tavares da Silva

Texto: O andar silencioso das pedras
Localidade: RJ

Informações específicas:
(11) 7348-0400
Informações gerais:
cultura@suzano.sp.gov.br
Site da Prefeitura de Suzano
www.suzano.sp.gov.br/agendacultural
Blog da Associação Cultural Literatura no Brasil
www.literaturanobrasil.blogspot.com

terça-feira, 12 de junho de 2012

Intenso e Perigoso Amor


“Intenso e Perigoso Amor”

            Naquela noite de festa o salão estava cheio, entre os convidados um clima cordial e festivo, regados a vinho, risos e muita falação. O salão de festas da imensa propriedade estava enfeitado com lindas flores de tons avermelhados simbolizando a comemoração do dia dos namorados, o Duque de Sobral se orgulhava da aquisição daquele casarão e do estilo nobre de sua arquitetura. Distribuídas em uma fileira de mesas seguiam os mais deliciosos manjares e coquetéis, feitos com as frutas tropicais que o jovem Brasil oferecia. Da sacada do segundo andar do lado de dentro podia-se ver no centro do salão, o amontoado de casais que se moviam com graça seguindo o ritmo suave da valsa que os orientava. A noite seguia um tom agradável de romance...
Entre a multidão eles se entreolhavam desconcertados, tentando esconder o sentimento que lhes queimava os corações e transbordava os corpos corando-lhes as bochechas, fazendo transpirar suas mãos. Estavam distantes um do outro, pois, ninguém nunca poderia desconfiar da intensa paixão que unia aquelas duas almas. Ele estava com a esposa, sim era um casado, infeliz ciente do seu pecado e louco de paixão.
Ela... Seguia pelo salão de baile solitária, pedindo-lhe seus beijos com seus lindos olhos castanhos brilhantes. Muitos outros homens lhe pediam a honra para a valsa, ela indiferente tinha em seu coração o único que poderia tê-la não só para a próxima dança, mas possuí-la de corpo e alma. Mesmo sendo ele quem era, era tarde para lamentações, o evento que os uniu não tinha sido previsto, nem planejado. E quando deram por si...
Ele... Mesmo acompanhado pedia-lhe o toque quente dos seus lábios, e a pronúncia com sua voz doce das palavras que no segredo da paixão ela proferia em seus ouvidos. Sentia-se culpado, pois, não era do seu feitio a situação controversa em que se meteu, não queria magoar a mulher maravilhosa que conheceu tarde...
Os dois ele & ela admitem seu erro, são cúmplices do amor! Mas o que fazer mediante a tão forte sentimento? Fugir? Ir embora? Se distanciarem em lágrimas tristes? Talvez... Mas decidiram mediante aos riscos seguir em frente sem perguntas que para eles ainda não possuem as respostas.
A distância era segura, poderiam ficar tranqüilos quanto às suspeitas, pois, o diálogo que mantinham seguia num outro contexto de expressão. Que ia além das palavras, e da expressão corporal. Esse diálogo era feito através dos olhos e do coração. Mantinham um elo imperceptível aos demais, os dois ainda sentiam em seus corpos as carícias da noite passada de amor e a satisfação do gozo da paixão correspondida. Não que estivessem satisfeitos com aquela situação... Por estarem tão perto, e tão longe um do outro. Mas essa – infelizmente – era a condição que o destino lhes impunha para que ficassem juntos, perdidos neste intenso e perigoso Amor.
                                                                                                                                     Sidney Leal