Desde
os primórdios do ser humano o sentimento do medo sempre foi o que mais se
destacava, pelas privações de uma época sem as facilidades que a vida moderna
nos proporciona. E entre todos os medos, o medo do ‘desconhecido’ sempre nos
amedrontava com maior intensidade. Talvez venha daí o gosto pelo gênero de
terror e ficção. O escritor norte americano H.P. Lovecraft defendia que não
existe o homem que ao menos uma vez não tenha sentido na espinha o frêmito
arrepiar, quando absorto pela escuridão da noite, perdido em um terrível
pesadelo, na passagem numa floresta, ou ao escutar sussurros nos cantos escuros
da casa em noite de tempestade. O mestre defendia também que aqueles que não
conseguem ser tocados pela literatura fantástica, não o conseguiam devido a
falta de imaginação e força para se desprender da realidade. Temos escritores
nacionais que no século passado já escreviam literatura fantástica, onde a
partir da leitura destes textos pode-se sentir a força do gênero terror e
horror em seus textos. A escrita do mestre Machado de Assis, não se limita
apenas a literatura que é mais divulgada. Existem contos do mestre que são de
arrepiar, e mostram um Machado livre de “cabrestos” literários que infelizmente
o marcam. Entre estes contos cito: ‘A Igreja do Diabo’ (conto cômico), ‘Vida
Eterna’ e ‘A Causa Secreta’. Além de sua tradução do poema ‘O Corvo’ de outro
grande mestre Edgar Allan Poe. Outro exemplo o mestre Álvares de Azevedo, escritor
jovem, promissor que morreu no apogeu de sua genialidade, com apenas 21 anos.
Podemos perceber a maturidade de sua escrita, por exemplo, com o seu
inesquecível ‘Noite na Taverna’, e suas poesias tristes e reflexivas: ‘Se Eu
Morresse Amanhã’ e o poema ‘É Ela, é ela’, toda sua curta obra merece atenção e
estudo. Não podemos deixar de fora o mestre Aluisio Azevedo, reconhecido pelos
livros do movimento realista ‘O Cortiço’ nos surpreende com os livros ‘O
Esqueleto’ e ‘Demônios’ usando o pseudônimo de Vitor Leal para que talvez
pudesse dar margem a sua escrita imaginativa sem julgamentos e com liberdade
literária. O livro ‘Demônios’ nos surpreende pela criatividade fantasiosa,
lembrando que falamos de um livro de 1891!
Hoje o escritor nacional sofre muito para lançar, divulgar e
principalmente vender seus trabalhos. Existem bons textos de terror e poesias,
que além de agradar aos adeptos do gênero, surpreendem a todos os leitores que
“se permitem” e “deem uma chance” à obra, pelo alto nível da qualidade do texto
e da escrita. O maior obstáculo é mostrar ao leitor de livros de
“internacionais” não só o público que consome histórias de terror, que em nosso
país existem bons escritores de literatura fantástica! Pois se no cinema
perdemos devido às altas quantias investidas em “grandes produções”, já no
livro não perdemos para ninguém, o brasileiro é um dos povos mais criativos do
mundo! Não me entendam mal, tem muita coisa boa de fora sim! Mas acho que temos de reservar um espaço em nossas
estantes e corações para obras nacionais; Afinal podem ter certeza de
que não se arrependeram, o único risco é o vício da leitura da boa literatura
Brasileira. Leiam mais livros de autores nacionais, tem muita gente boa por
aí...
Sidney Leal
Sidney Leal
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