Saudações tenebrosas...

Você ultrapassou o portal da realidade... Seja bem vindo(a) á um mundo onde os contos criam vida, mesmo quando falam de morte...

Sidney Leal

domingo, 30 de setembro de 2012

"Meu Conto de Natal"


"... Possuía um diário espesso de centenas de páginas, sua capa negra de alto relevo com suas quinas de metal dourado chamavam a atenção. Mas nunca ninguém o lera, ele proibia a todos! Os serviçais pensavam até se tratar de textos para se chegar a algum tesouro que o velho esconderá de seus “amados” filhos.
Num final de tarde fria de junho o vento soprava forte nas enormes janelas da biblioteca, a lareira estava apagada ainda... Lá dentro o velho expulsava os empregados – Como era de seu costume nos fins de tarde – Não imaginava que deste modo estava ironicamente selando seu triste destino, pois quando escutou a porta de entrada batendo lembrou que os “incompetentes” não haviam acendido a lareira.
– Querem que eu morra de frio!
Arrastando com dificuldade a pesada cadeira de rodas seguiu na direção à pequena pilha de lenha junto à lareira, seus pensamentos eram de ira! Aumentada ainda mais pela sua incapacidade física... Olhava suas velhas mãos, magras e secas de onde vertiam veias acentuadas, suas pernas finas e inertes a sua vontade de se erguer, aquela condição o entristecia e irritava sentia uma cólera incendiando em seu peito. Cólera que extravasava batendo seu diário nos apoios da cadeira gritando! Até que sentiu uma “pontada” em seu peito... Colocou as mãos no peito velho sentiu seu coração batendo disritmado, assustado sentia falta de ar, não respirava direito... Tentava em meio ao pânico achar uma forma de pedir ajuda, mas estava sozinho na enorme casa, tudo estava escuro e seus gritos roucos ecoavam no vácuo de sua solidão, sentiu uma lágrima quente lhe escorrendo pela face fria, tal qual era seu coração endurecido pela vida, chorou... Seu pranto não era o reflexo da dor que sentia dentro de seu peito naquele momento, mas sim pela solidão da morte que se aproximava.
Uma segunda pontada, forte e aguda! A dor foi tamanha que caiu da cadeira, tonto pela força do golpe!
No chão arfava ofegante. Caído sentia o toque frio do mármore em seu rosto... O desespero transformava-se numa taquicardia predizendo o próximo golpe... Gritou sentindo seu coração explodir em seu peito! Ficou imóvel por instantes... Respirava com muita dificuldade... Olhando quão escura se tornara sua solitária casa, aquela que com o passar das horas que ficou jogado no chão passaria a ser seu túmulo..."
Continua no livro: "Minhas Histórias de Mistério, Terror & Morte"

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