"... Sob
o brilho de uma lua cheia misteriosa que de repente surgiu após a chuva,
regressava triste pensava em tudo que me aconteceu, ao longe a cidade estava
vazia e somente às luzes dos poucos postes estavam acesas, perdi a noção do
tempo. Admirando a noite observava a lua recente que ainda lutava com algumas
poucas nuvens pela soberania do céu... Aproximando-me da margem observei uma
figura que me causou espanto! Incrédulo esfreguei os olhos podia estar aturdido
pelo cansaço, mas com a proximidade da margem confirmei sua identidade... Era
ela! A linda dama, que agora trajava um manto negro – Não tinha certeza, mas
parecia-me seda – que com o toque dos ventos e o banho da fraca luz do poste,
brilhava. Estaria perdida na noite? A madrugada já se iniciara – Estava sozinha
– mesmo as trevas não conseguiam esconder seus encantos, e confesso que tive
que me conter para ali mesmo não cair de joelhos e confessar o meu amor. Se recíproco fosse tamanho sentimento meu coração não se conteria de felicidade.
Seu caminhar era tão delicado que
quase não marcava a areia. Olhou-me com seriedade, e mesmo com o véu negro
sobre o rosto pude perceber um leve sorriso amistoso em sua face. Estirou a
braço para que a ajudasse subir na canoa – Sua mão estava gelada – Perguntei se
o destino era o mesmo do outro dia e num gesto respondeu-me sim.
As águas agora estavam calmas, muito
calmas. O silêncio era quebrado apenas pelos ruídos da noite, a dama nada
falava sempre com o olhar fixo no infinito. A escuridão era tamanha que quase
não a enxergava, pois de costas para mim só podia vê-la quando refletindo a lua
seu manto negro brilhava. Um sentimento bisbilhoteiro de medo aos poucos se fez
sentir arrepiando-me por completo. Ela misteriosamente virou-se para a mim e
calmamente disse:
- O que temes? Porque o sentimento quente da
paixão que a pouco sentia abraçando meu corpo e que emanava de seu peito,
refreia agora pelo medo?..."CONTINUA no livro: "Minhas Histórias de Mistério, Terror & Morte".