"...Os batuques explodiam
em meus ouvidos. Acordada, senti em meu rosto o toque gelado do piso de
concreto queimado. A cor da cera verde me doía os olhos. Tirei os cabelos da
frente de meus olhos e ainda aturdida fiz minha primeira tentativa de levantar,
me vi cercada por um grupo de pessoas em círculo com vestes brancas, que
cantavam e dançavam entoando cantos antigos africanos. Todos batiam palmas,
todos cantavam em uníssono, acompanhados pelo envolvente batucar dos tambores.
-
Volta meu paizinho! Volta meu guia de luz! Gritava uma anciã segurando
minha cabeça entre as mãos, uma senhora negra de coluna curvada pelo alto da
idade.
Quando me soltou em pé sentia o fraquejar das pernas que me jogavam
de um lado a outro da grande roda, minha cabeça pesava, e com pensamentos
confusos cedia à incerteza do desmaio. Um frio estranho percorreu minha
espinha, pois sentia, minha consciência se perder. Minha cabeça girava, cheia
de pensamentos que não eram meus, sentia como se dividisse o espaço de
existência com outro “alguém” um intruso! Já não conseguia ordenar meus braços
para que parassem de balançar, sim havia um intruso, que dominava aos poucos
meu corpo e de minha vontade física se apoderava..."
CONTINUA no livro "13 Contos do escritor
Sidney Leal.
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