"... Laurindo sentiu então
através de suas vestes de couro que recobriam suas canelas a altura dos joelhos
a agulhada peçonhenta do bote venenoso de uma serpente. O bote ferino fez com
que o homem vacilasse por instantes até ver as presas da cobra que luziam
refletindo o sol, incendiadas pelo espanto da invasão de seus domínios. O homem
rapidamente se refez do susto, e num salto com o facão em mãos em posição de revide,
encarou o animal que se encolhia em suas voltas premeditando outro ataque. A bicha se viu acuada de repente pelo golpe
potente que ceifou sua cabeça, enquanto ainda teimosa se mexia agonizante no
meio do capim baixo.
Laurindo
sentou no chão e só então pôde por mão no ferimento que agora latejava de dor.
E tirando toda sua indumentária viu dois pequenos pontos vermelhos de sangue,
resultado de seu recente confronto. Vendo o tamanho do ferimento decidiu que
não era para alarde a empreitada que tivera, mas levantando-se sentiu-se tonto.
O ferimento inchara, os pontos vermelhos agora estavam amarelando, sabia que
rapidamente estavam infeccionando o veneno da peçonha. Descalço de um dos pés se
arrastou até seu cavalo que estava perto dali, e se jogando esmorecido pelo
esforço em sua cela, seguiu mais de vinte minutos até sua casa.
Quando
chegou a febre já se fazia presente, sentia frio e um bater de dentes que lhe
enervava os pelos dos bigodes..."
CONTINUA no livro "13
Contos" do escritor Sidney Leal
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